A economia, de mal a pior

09 mai, 2015 às 08:04

  • Quatro meses depois do início do ajuste fiscal , o Banco Central aumentou os juros em meio ponto porcentual, para 13,25%, no fim de abril. A quinta elevação consecutiva aproxima a taxa do patamar de seis anos atrás, quando chegou a 13,75%. A decisão acentuou o efeito de diversas medidas de redução do crédito e do investimento públicos, ignorou o aumento do desemprego e a queda de renda real e indicou um ano de grave recessão. O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, vê, entretanto, uma “estabilização das expectativas” e a presidenta Dilma reafirma a “necessidade de ajustes e a determinação do governo em implementá-los”. As medidas do governo aumentam a fragilidade da estrutura produtiva, avaliam alguns empresários e economistas. Há um esboço de agenda positiva, a exemplo do esforço para retomar os investimentos em infraestrutura, mas parece imperar a incoerência, quando não a inconsistência de várias medidas.

    Entre 25 países relevantes, o Banco Central do Brasil é o único a aumentar os juros. Os demais mantêm ou reduziram as taxas para favorecer a recuperação econômica, aponta o economista Antônio Correa de Lacerda, professor da PUC de São Paulo. “Com a economia internacional adversa, um ajuste fiscal que corta gastos, limita o orçamento para investimentos e restringe a atuação dos bancos públicos, é um grande contrassenso o Banco Central subir a taxa de juros. O efeito sobre o emprego, o nível de atividade e a renda é avassalador.” Lacerda prevê para este ano uma queda do PIB em torno de 2%, desemprego entre 7% e 8%, redução da renda real de 5% a 6% e aumento do custo de financiamento da dívida pública, de 311 bilhões no ano passado para 370 bilhões de reais. Um custo excessivo para o País, avalia o economista.

    O desemprego subiu de 5,9% para 6,2% entre fevereiro e março, na terceira elevação mensal consecutiva, divulgou o IBGE na terça-feira 28. Diante do mesmo mês do ano anterior, a taxa é 1,2 ponto porcentual superior. O rendimento médio real dos trabalhadores caiu em março, para 2.134,60 reais, em um recuo de 2,8% em relação ao mês anterior e de 3% diante do valor registrado em março de 2014.

    A política do BC provoca polêmica também em relação ao câmbio. A desvalorização do real, embora insuficiente, era a única fonte de oxigenação de várias empresas até março, mas a autoridade monetária inverteu essa orientação. “O BC está interessado na entrada de capitais para fechar o balanço de pagamentos. Se isso valorizar o câmbio e a indústria for para o brejo, será, para ele, só um dano colateral. É como eu interpreto a situação. A coisa está feia”, avalia Mario Bernardini, diretor da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos, a Abimaq. 

    Fonte: Carta Capital

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