Economia melhorou com afastamento de Collor. O mesmo aconteceria se Dilma saísse?

11 mar, 2016 às 06:27

  • Vazamentos e prisões da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, fazem subir o índice da Bolsa de Valores e cair a cotação do dólar, num sinal de que os investidores apostam num cenário econômico mais favorável em caso de saída da presidente.

    POR DINHEIRO PÚBLICO & CIA

    Os mercados de ações e moedas têm celebrado notícias que complicam a permanência de Dilma Rousseff no cargo e o futuro político do PT.

    Vazamentos e prisões da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, fazem subir o índice da Bolsa de Valores e cair a cotação do dólar, num sinal de que os investidores apostam num cenário econômico mais favorável em caso de saída da presidente.

    O economista Reinaldo Gonçalves publicou em fevereiro um breve estudo listando casos de interrupção de mandatos presidenciais na América Latina -por renúncia, impeachment e até suicídio- acompanhados de melhora de indicadores como renda, emprego e inflação.

    Faz sentido?

    A mais recente experiência brasileira de afastamento de presidente se deu com Fernando Collor, em 1992. Naquele ano, a economia começou a se recuperar de uma longa recessão, iniciada em 1989.

    Veja no quadro abaixo. Use as setas laterais para observar a evolução do PIB (Produto Interno Bruto, medida da renda nacional), cuja expansão começa na época em que o irmão do então presidente denunciou a corrupção no governo.

    Há uma boa dose de lógica na associação entre a interrupção de mandato presidencial e a recuperação da economia. Afinal, um presidente fraco, sem sustentação política, é uma usina de incertezas.

    Nessas situações, o governo não tem rumo previsível, e os empresários param de investir por não saberem para onde vão a inflação, os juros e os impostos.

    Mas, daí a acreditar que a saída do governante, por si só, resolverá a situação, a distância é considerável.

    Ainda que a reação inicial dos mercados possa ser favorável, as dúvidas e temores tendem a retornar em questão de dias ou semanas. Quem governará, com que apoios, com que agenda? No caso atual, em particular, não há respostas claras.

    Exemplos do passado podem ser enganosos. A melhora econômica pós-Collor provavelmente não se sustentaria sem o Plano Real, cujo lançamento e sucesso devem muito ao acaso -em pouco mais de dois anos, o errático Itamar Franco nomeou nada menos de seis ministros da Fazenda.

    O antecessor de Collor, José Sarney, também era um presidente cuja debilidade agravava a crise da economia. O final de seu mandato não tornou o ambiente menos conturbado.

    A Argentina viveu um drama em dezembro de 2001, após a renúncia de Fernando de la Rúa. Nas duas semanas seguintes, outros quatro nomes ocuparam a cadeira presidencial. Naquele ano, o PIB encolheu 4,4%; no ano seguinte, 10,9%.

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